Quatro em cada dez índios brasileiros vivem fora das terras indígenas
reconhecidas pelo governo, apontam dados do Censo 2010 divulgados nesta
sexta-feira. O País tem 896,9 mil índios (0,47% da população brasileira)
divididos em 305 etnias e que falam 274 línguas diferentes. O resultado
surpreendeu os técnicos do IBGE, que partiram de informações preliminares da
existência de 220 a 225 etnias e 180 línguas.
Pela primeira vez, o IBGE fez o raio x do território indígena. Quase 380 mil
índios (42,3% do total) vivem fora de terras próprias e 517,3 mil (57,7%) ocupam
as 505 terras demarcadas, equivalentes a 12,5% do território brasileiro. Foram
pesquisadas as terras regularizadas até dezembro de 2010.
Maior etnia. Também é inédito o mapeamento das etnias e das
línguas indígenas. A etnia Tikuna, que se concentra no Amazonas, especialmente
na área do Alto Solimões, com presença também na periferia de Manaus, é a mais
numerosa do País, com 46 mil habitantes, a grande maioria (85,4%) moradora de
terras indígenas. Em segundo lugar estão os Guarani Kaiowá, de Mato Grosso do
Sul, com 43,4 mil habitantes, sendo 81,2% instalados em terras próprias. Os
técnicos do IBGE encontraram 250 etnias diferentes entre os indígenas que vivem
em terras próprias e 300 entre os que estão fora.
A análise das 505 terras indígenas regularizadas mostra que seis delas têm
população de mais de 10 mil índios. A terra mais populosa é a Yanomami,
localizada nos Estados de Amazonas e Roraima, e que reúne 25,7 mil indígenas. Em
segundo vem Raposa Serra do Sol, em Roraima, com 17 mil índios
O Censo 2010 mostra que apenas 37,4% da população indígena fala alguma língua
nativa. Entre os que vivem dentro das terras indígenas, a proporção sobe para
57,3%, mas na população que vive fora desses territórios apenas 12,7% dominam
uma língua indígena. Existem ainda 16,3% de indígenas que não falam português.
Nas terras indígenas, 27,9% dos moradores não falam português e fora das terras,
apenas 2%. Pacheco estranhou o baixo porcentual de indígenas que falam línguas
nativas.
Fonte: Jornal O Estadão
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